Tuesday, March 30, 2010

Por essa estrada...

Amigo

Maior que o pensamento

Por essa estrada amigo vem

Não percas tempo que o vento

É meu amigo também.

Em terras

Em todas as fronteiras

Seja bem vindo quem vier por bem

Se alguém houver que não queira

Trá-lo contigo também.

Aqueles que ficaram

(Em toda a parte todo o mundo tem)

Em sonhos me visitaram

(...)

Zeca Afonso

Medo



E uma delas fugiu, gritando: "Es i brabu!"

Tuesday, March 23, 2010

O sentido do caos


Sinto, não quero,

desencontro,

não existem, perto,

velha, silêncios, dinheiro,

nunca, desentende,

depois, sentimentos, gostava,

não vejo, afastando, futuro, primeiro,

tempo, não sei, vontade, mas sei, agora,

sentido, partilha, nova, assim...

Saturday, March 20, 2010

Tuesday, March 16, 2010

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas de mãos.
E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
(Manuel Alegre)

Wednesday, March 3, 2010

Entretanto

Entre cá e lá...

Entre o antes e o agora, entre o caminho do mar ou o do Boé, entre um grito agudo ou suave, entre uma roupa que se veste ou que se despe, entre um suspiro de alívio ou um engolir de angústia, entre o sul ou o leste, entre o sair ou ficar, entre o som do aparelho de rádio ou o silêncio, entre o sumo de veludo ou de cabaceira, entre arriscar ou hesitar, entre subir ou descer, entre peixe ou galinha, entre arroz deste ou daquele.

Entre tanto e tão pouco, entre cá e lá...

Tempo passado


- Velhice, velhice! Morro de saudades tuas, apesar de nunca te ter conhecido...

- Devia ter-te contado tanta coisa! Porque não me fizeste todas as perguntas?

- Não tive tempo. Aquelas filas nunca mais acabavam, e passei nelas todos estes anos.

- Onde te levaram essas filas?

- Às respostas que perdi.

Monday, March 1, 2010


A suspeita sempre caminha adiante das risadas largas,
escondidas na rectaguarda,
prontas a serem lançadas
a qualquer momento
sobre essa dúvida vacilante...

Mudam-se os tempos, mudam-se os... frutos!

Se neste cesto se empoleirassem todas as minhas incertezas – tal como ontem se empoleiraram nas minhas mãos os primeiros galinácios que catrafilei – retiraria a cada caju a sua firme e confiante castanha e, deixando o fruto para futuros momentos de embriaguez, torra-la-ia de sucessos,
já antevistos por gentes destas paragens.
Benvindo, caju!

Depois de ti, a manga, já à espreita em cada esquina...